Noticias

Único indicador do PIB que não caiu foi a agropecuária.

Apesar de representar 5% do PIB, o setor de agro tem um peso de mais de 20% se considerada sua cadeia inteira; neste ano, pode chegar a 27%.

Agropecuária foi o único setor com resultado positivo no produto interno bruto (PIB) do segundo trimestre, quando a economia levou o tombo histórico de 9,7% em relação à primeira parte do ano.

Enquanto os setores de indústria e de serviços tiveram, respectivamente, quedas de 12,3% e 9,7% no período, a agropecuária saiu ilesa, com alta de 0,4%, puxada, principalmente, pela produção de soja e café.

Pela metodologia de cálculo do IBGE, indústria e serviços representam 95% do PIB nacional, ante 5% da agropecuária. O peso da cadeia inteira na economia, porém, é bem maior do que isso, e pode chegar a 27% do PIB brasileiro neste ano, num cenário otimista para o setor, ante 21,4% em 2019, estima a pesquisadora do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da USP, Nicole Rennó.

Num cenário pior, essa porcentagem cai para 23,5%, nos cálculos da especialista. Em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o Cepea calcula o PIB do agronegócio, que completou em maio cinco meses sucessivos de alta e, em junho, deve ter o sexto.

O setor é muito ligado à balança comercial de bens e serviços, que registrou alta de 1,8% nas exportações, levadas pela venda de commodities, produtos alimentícios e petróleo, enquanto que as importações recuaram 13,2%.

“Se olharmos a balança comercial, não por acaso, é o agro que domina. O setor consegue ter uma vida meio que própria a despeito de uma crise doméstica. E para dentro do país, o segmento fornece sobretudo alimentação, humana e animal, que resiste a crises”, explica Arthur Mota, economista da EXAME Research.

O que ajudou o setor durante esses meses de penúria, além da alta da oferta, foi o cenário de preços, medidos em dólar, e pressionados em razão do câmbio, segundo Rennó. Além disso, quando a crise sanitária começou no Brasil, a situação já estava controlada na China e em países europeus, principais destinos das exportações brasileiras.

A expectativa é que o agronegócio continue apresentando resultados melhores do que os outros setores e ajude na recuperação, segundo Rennó. Porém, o tamanho dessa ajuda vai depender das partes de indústria e de serviços ligadas ao agronegócio, o que a Cepea chama de agroindústria e agrosserviços, que depende mais da demanda interna para crescer. “O grande desafio será a agroindústria, mais dependente da demanda doméstica e que depende de decisões de compras menos essenciais”, diz.

Fonte: Revista Exame

Mário Freire

Share
Published by
Mário Freire

Recent Posts

Braquiária que tolera 500 mm de chuva/ano chegará ao Brasil

Cresce a ansiedade do pecuarista brasileiro pelo lançamento da nova cultivar híbrida de braquiária tolerante à…

3 anos ago

Vai ser mais fácil comprar e vender gado na Bahia.

Já está no ar site específico para venda de bovinos, bubalinos, equinos, ovinos e caprinos.…

4 anos ago

Cal virgem no bebedouro garante água limpa para o gado?

Uma técnica muito difundida por algumas pessoas, a utilização do cal virgem no bebedouro é…

4 anos ago

Afinal macho ou fêmea, qual traz mais lucro na engorda ?

A pecuária brasileira é, com certeza, um dos mais atrativos negócios no país. O Brasil…

4 anos ago

Solos arenosos, a próxima fronteira agrícola.

Brasil tem ao menos mais uma fronteira agrícola a ser descoberta. Um dos maiores desafios…

4 anos ago

Conheça o sorgo boliviano gigante.

Uma variedade híbrida de sorgo, conhecida como sorgo boliviano gigante, está chamando a atenção de…

4 anos ago